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Protectores gástricos, a realidade e os mitos

27 de Janeiro, 2022

PROTECTORES GÁSTRICOS A REALIDADE E OS MITOS.

Os protectores gástricos (omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol, rabeprazol) são dos medicamentos mais prescritos no Mundo. Tendo em atenção a multiplicidade de medicamentos actualmente existentes para uma multiplicidade de doenças, esta informação estatística é relevante. Com certeza que conhece alguém que toma ou tomou em algum período da vida este medicamento.

São na verdade medicamentos muito úteis para tratar várias doenças, tais como o refluxo gástrico-esofágico, as dores de estômago (dispepsia), a infeção por uma bactéria gástrica (Helicobacter pylori) e as úlceras gastro-duodenais. Em algumas situações são também usados para prevenir complicações. Na maior parte das vezes, o tratamento está indicado numa duração de 8 semanas, mas existem casos em que é necessária uma toma mais prolongada. No entanto, devo referir que esta medicação é muitas vezes excessivamente usada, sendo que em cerca de 25-70% das vezes é prescrita sem qualquer indicação. Uma informação estatística relevante, e estes são números que devem fazer reflectir, é que em cada 4 pessoas a quem foram receitados 1 a 3 não necessitava de protector gástrico! Sem benefício, com possível exposição a riscos e gastos desnecessários.

Protectores gástricos, a realidade e os mitos

É muito comum nas consultas os doentes questionarem-me sobre os riscos desta medicação a longo prazo e querem suspender a sua toma por medo das complicações. Os protectores gástricos já foram associados à possibilidade de pneumonia, demência, fracturas, insuficiência renal e infeções intestinais.

Dito isto, a pergunta mais importante, quais são na verdade os riscos associados à toma prolongada desta medicação?

Num estudo que incluiu mais de 17 000 mil doentes, naqueles sob protector gástrico a longo prazo (por volta de 3 anos), NÃO se provou existir um risco aumentado de demência, pneumonia, osteoporose ou doença renal, por comparação com doentes sem toma de protector gástrico. Nos doentes sob protector gástrico a longo prazo existiu um discreto aumento do risco de gastroenterites infeciosas.

Em conclusão, a evidência que liga os protectores gástricos a complicações graves crónicas é fraca e inconsistente, e não deve deter a sua prescrição quando devidamente indicados. Os protectores gástricos são assim medicamentos seguros, desde que sejam usados quando indicados, podendo ter um efeito benéfico na resolução de várias queixas. É muito importante também que prescritos na dose e duração correcta.

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