27 de Janeiro, 2022
Vacinação contra o vírus papiloma humano (HPV) em Homens
É do conhecimento geral que a vacina contra o HPV protege contra uma importante complicação da infeção pelo vírus, o cancro do colo do útero em mulheres. O Programa Nacional de Vacinação Português inclui esta vacina de forma gratuita para meninas, e, desde 2020, também para meninos, que devem ser vacinados aos dez anos de idade. O ideal é que vacina seja dada cedo na vida das crianças, antes de ter havido exposição sexual ao vírus, o que acontece, em princípio, alguns anos mais tarde na adolescência ou idade adulta. A vacina, ao proteger contra a infeção por HPV, permite proteger contra todas as complicações associadas, não só o cancro e lesões pré-cancerosas do útero, mas também do ânus, da vulva, da vagina, do pénis, e cancro da cabeça e do pescoço, e ainda os condilomas anogenitais. Penso que já começa a perceber o SIM á vacina em meninos. A vacina deixa então de ser uma estratégia inicial para prevenção do cancro do útero para se tornar estratégia de combate às complicações da infeção por HPV nos dois sexos, dada a sua prevenção extensa da infeção pelo HPV.
A vacina contra o HPV está aprovada para o sexo feminino e para o sexo masculino, dos 9 aos 45 anos. Esta informação tem dois pontos relevantes, o limite amplo de idade e o sexo masculino. A vacina pode ser dada até aos 45 anos, no entanto, o benefício para prevenção da infeção pelo HPV é maior quanto mais cedo for dada, nomeadamente antes do início da actividade sexual. Aos 45 anos, na maior parte dos casos, já houve exposição sexual, com vários parceiros e a exposição ao HPV já aconteceu. Durante muito tempo achou-se que vacinar as mulheres seria suficiente para proteger os homens (proteção indirecta dos homens), mas isso era uma visão redutora da realidade e envolta em algum preconceito, é que existem homens que não terão sexo com mulheres, mulheres que nunca tomaram a vacina e que infectarão homens. As possibilidades são múltiplas, tal como a sexualidade.
